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19 de setembro de 2022

Cigarrinha-do-milho: a inimiga da produtividade

Com registros cada vez mais frequentes na área de abrangência da Cotrisoja, a cigarrinha vem sendo um dos principais desafios de controle na cultura do milho deste ano. O inseto não apenas provoca prejuízos diretos, mas principalmente transmite doenças com alto potencial de danos à lavoura.

Características da cigarrinha

A cigarrinha do milho (Dalbulus maidis) apresenta cor branco-palha, podendo apresentar-se levemente acinzentado. O adulto da cigarrinha mede em torno de 3,5 a 4,5 mm de comprimento, possui duas pequenas manchas pretas na parte dorsal da cabeça e asas semitransparentes. Já os ovos, possuem coloração esbranquiçada, quase transparente, medindo em torno de 1 mm de comprimento. Adultos e ninfas vivem em colônias no cartucho e em folhas jovens do milho, onde se alimentam, sugando a seiva da planta.

A praga faz a postura sob a epiderme da folha, preferencialmente na nervura central do cartucho da plântula. As ninfas são de coloração amarelo-clara, medem 1 mm no primeiro estágio e chegam a 4 mm no último estádio. Cada fêmea pode pôr de 400 a 600 ovos. O inseto apresenta boa adaptação às condições tropicais, onde a temperatura ideal para incubação é em torno de 26° a 28°C, e dura de 8 a 10 dias. Após a emergência das ninfas, essas vivem em colônias junto aos adultos, preferencialmente no cartucho do milho, onde ficam mais abrigadas.

 

Como a cigarrinha transmite doenças ao milho?

A cigarrinha adquire os mollicutes (fitoplasma ou espiroplasma) quando se alimenta da seiva de uma planta de milho doente. Esse patógeno fica alojado em suas glândulas salivares. Posteriormente, no ato de sucção de seiva das plantas sadias, liberam o conteúdo salivar, espalhando a contaminação.

A infecção com mollicutes ocorre na plântula de milho em estádios iniciais de desenvolvimento. Esses micro-organismos patogênicos proliferam nos tecidos do floema e a planta apresenta os sintomas do enfezamento apenas na fase de produção.

Nem todas as cigarrinhas que chegam em uma lavoura de milho jovem são infectantes com mollicutes. Mas, segundo os pesquisadores da Embrapa, ainda não há ferramenta prática que ajude a identificar no campo quais estão ou não infectadas.

 

Quais são os danos diretos e indiretos causados pela cigarrinha-do-milho?

Por ser um inseto sugador, a cigarrinha causa danos de enfezamento pálido e vermelho ao milho, prejudicando à lavoura. A sucção da seiva faz com que a planta perca o vigor, ficando mais suscetível à instalação de doenças e fragilizada na matocompetição com daninhas, por exemplo.

De acordo com o engenheiro agrônomo Maurício Paulo Batistella Passini, da Intagro, que junto a equipe técnica da Cotrisoja explanou as diferentes abordagens e manejo de pragas, a cigarrinha tem o potencial de gerar danos diretos, sendo decorrente da sua alimentação. A planta, ao obter a radiação solar passa pelo processo fotossintético, produzindo açúcares e outros constituintes, e a cigarrinha passa a drenar esses constituintes, ao fazer isso, quando em populações maiores, afeta também todo o potencial produtivo, e todo potencial que o híbrido poderia ter para a produtividade final.

Entretanto, o maior potencial de dano da cigarrinha na lavoura de milho é indireto.

“Ao se alimentar da planta de milho, ela tem o potencial de introduzir para dentro da planta, agentes patogênicos, e esses agentes podem torná-las em menor potencial produtivo, primariamente, mas também, podem deixar a planta mais sensível à entrada de patógenos, como as bactérias da classe mollicutes, sendo causadoras dos enfezamentos do milho, do vírus que provoca o raiado fino ou virose risca (Maize Raiado fino virus) e outros agentes patogênicos, que tendem levar a maiores perdas de produtividade. Hoje, é o maior impacto indireto da cigarrinha, onde ela é vetora desses agentes patogênicos”, explica Maurício.

 

O que causou o aumento de cigarrinha na região?

Um dos principais fatores que condicionam para a proliferação da cigarrinha-do-milho na região está relacionado a temperatura.

Como explica Maurício, o inverno do ano passado (2021), foi mais rigoroso e chuvoso, e no início do desenvolvimento da cultura do milho houve maior frequência de precipitação, diferente deste ano.

“Isso fez com que a cigarrinha, que deveria estar estática nas temperaturas baixas, esteja em atividade metabólica maior, nesse processo temos a noção e impressão de uma presença maior do inseto. Além disso, a ocorrência da cigarrinha, por ela ter sido no ano passado mais tardia em momentos onde já se teve uma dificuldade maior de entrada com polirreolizador e autopropelidos na lavoura, fez com que muitos indivíduos se multiplicassem no ambiente, permanecendo no inverno e gerando as populações que encontramos atualmente. Sem contar também, a maior quantidade de milho voluntário, ou seja, foram condições que favoreceram com que a presença da cigarrinha esse ano esteja um pouco maior”.

 

Como fazer o controle da cigarrinha?

A primeira sugestão para o produtor é monitorar. Com a presença da cigarrinha na lavoura é muito importante tomar a melhor decisão, utilizar de ferramentas químicas, biológicas, adjuvantes, ajustar a tecnologia de aplicação, ter uma boa cobertura, e garantir a chegada das gotas do tratamento até o alvo, que é a cigarrinha.

“Cuidem o horário de aplicação, posicionem o manejo para horários próximos à tardinha, e evitem o orvalho, são todas situações que favorecem muito a questão da efetividade dos produtos. Quanto a produtos químicos e biológicos, o produtor pode buscar o auxílio técnico da cooperativa, que com toda a certeza irá ajudá-los. É importante lembrar: a cigarrinha é um inseto de difícil controle e muitas vezes ao executar uma entrada você vai ter que fazer uma reentrada para baixar a densidade populacional, o indicado é proteger o milho, pelo menos até o pendoamento”, finaliza o engenheiro agrônomo.

 

Para mais informações sobre o manejo e meios de controle da cigarrinha-do-milho, contante a equipe técnica em sua Unidade Cotrisoja.

 

Fonte: Blog FieldView

 

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