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12 de abril de 2023

Entenda o processo de ensilagem e os benefícios do uso de inoculante

Em nossa região, devido à sazonalidade climática, existe um desafio muito grande para manter o desempenho na produção de leite e podendo ocorrer efeitos negativos na estação seca. Por isso, é fundamental o planejamento, a produção e o estoque de volumoso, e a ensilagem é o principal método de conservação de forragens. Dentre elas, o milho é a forragem mais utilizada para ensilagem nas propriedades brasileiras, já que apresenta elevado valor nutritivo, alta produção de matéria seca e características ideais ao processo fermentativo.

Três parâmetros exercem grande influência na qualidade final da silagem, quer sejam nos aspectos nutricionais, quer sejam etapas fermentativas, são eles: teor de matéria seca, teor de proteína bruta e teor de carboidratos ou açúcares solúveis em água da forragem.

Com a utilização de inoculantes com bactérias eficientes formadoras de ácido láctico ocorre rápida queda do pH da silagem e, maior qualidade da silagem. Também proporciona estabilidade aeróbica da silagem, por converter ácido láctico em ácido propiônico, o qual tem propriedade fungistática, isso prolonga a qualidade da silagem após aberta.

 

Como ocorre as fases do processo de ensilagem?

1ª fase - Enchimento até o fechamento do silo: ocorre a picagem da planta inteira e posterior compactação. Nesta fase o objetivo é remover O2 o mais rápido possível, pois ocorre respiração das plantas, atividades de proteases e microrganismos aeróbios;

2ª fase - Início da fermentação: Ocorre após o meio ficar anaeróbio. Nessa fase, há predomínio de bactérias produtoras de ácido láctico, diminuindo o pH e inibindo o crescimento de microrganismos indesejáveis (clostrídios, clostrídios sacarolíticos, proteolíticos e coliformes fecais).

3ª fase - Fermentação: dizemos que chegamos no pH de estabilidade (menor que 4,5), onde temos predominantemente a atividade das bactérias lácticas. Não há presença de oxigênio.

4ª fase - Abertura do silo: momento em que o material ensilado tem umas das faces em contato com o ar. Microrganismos aeróbios principalmente leveduras, fungos e bactérias ácida acéticas são reativados, consumindo ácido láctico e açúcares solúveis residuais. Esses microrganismos aumentam o pH do material ensilado e diminuem o valor nutricional.

O processo de ensilagem é depende de processos químicos e biológicos para a conservação do material e sucesso da técnica. Dentre esses processos, podemos destacar a redução do pH, maior relação lactato: acetato, microbiota favorável (bactérias produtoras de ácido láctico) e temperatura do silo (38,5°C). O material produzido de maneira correta e mantido em condições adequadas pode ser armazenado por mais de 3 anos. No entanto, para que o processo fermentativo seja concluído com sucesso, precisa ser respeitado um tempo mínimo para a estabilização do material. O crescimento ótimo da população de bactérias produtoras de ácido láctico é de 11 a 14 dias após o fechamento do silo, enquanto que a eficiência do processo depende da concentração de carboidratos solúveis, matéria seca e poder tampão da forragem.

Por isso, o tempo que a silagem permanece no silo antes da abertura tem efeito sobre a qualidade do produto final (momento da abertura). Mais especificamente, um maior tempo de estocagem do material permite uma maior ação microbiana e dos ácidos orgânicos (ácido láctico e acético), refletindo uma maior degradação de certos nutrientes (matriz proteica e fibra) e alterando digestibilidade do alimento. Pode ocorrer um aumento de 0,31%/dia na digestibilidade do amido em silagens de planta inteira de milho por um período de 28 dias após a vedação do silo.

As indicações para o tempo de abertura do silo variam com o tipo de material ensilado (cereais ou forragem). Para grãos e cereais, 60 a 90 dias de estocagem são indicados para otimizar a digestibilidade do amido e fibra detergente neutro. No caso de forragens, indica-se que um período mínimo de 14 dias quando utilizar inoculantes e 21 dias quando não for utilizado inoculante.

Em relação ao desempenho animal, o benefício do uso de inoculante está principalmente atrelado às melhorias na estabilidade aeróbica do material ensilado e consequente redução na deterioração da silagem que será ofertada para o rebanho, melhorando assim os padrões de digestibilidade e consumo de matéria seca.

 

Quais são os benefícios do uso de inoculantes?

O maior benefício do uso de inoculantes é a redução da perda dos nutrientes da silagem. Mas também ocorre:

• Redução de custos;

• Diminuição de formação de gases e ácidos indesejáveis;

• Estabilidade aeróbia após abertura do silo;

• Rápida redução do PH;

• Redução na proliferação de fungos e leveduras maléficas para fermentação.

 

Em resumo, a ensilagem é um método de conservação dinâmico e de extrema valia no sistema produtivo de bovinos de leite. No entanto, pode se apresentar como um processo complexo composto por diversas fases no sistema de produção e estratégias para otimizar a conservação são necessárias. Dentre elas, a utilização de inoculantes melhora a qualidade do alimento e consequentemente o desempenho do rebanho.

 

Leticia Camera Dettmer - Médica Veterinária da Unidade de Quinze de Novembro.

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