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18 de agosto de 2023

Desmistificando o Cultivo da Canola: dicas para ter sucesso e rentabilidade com a cultura

A produção de canola vem crescendo ano a ano no Brasil, trazendo ótimos resultados e uma boa rentabilidade ao produtor. A canola é uma oleaginosa de inverno, e é a terceira oleaginosa mais produzida no mundo, atrás apenas da palma de óleo, e da soja. Os grãos de canola produzidos no Brasil possuem em média 38 a 40% de óleo, ou seja, o dobro do que produz a soja. É um dos óleos com maior percentual de Ômega 3, cerca de 11%, considerado assim, o mais saudável óleo do mercado, podendo ser utilizado para consumo humano, produção de biodiesel ou ração animal. Atualmente, o valor de mercado do óleo de canola é o equivalente ao de soja.

Na área de atuação da Cotrisoja, a canola está se destacando dentre as culturas que mais trazem rentabilidade e benefícios para a propriedade no inverno. Além de ser uma ótima opção para o manejo de azevém (uma das principais plantas daninhas do trigo), ela também é uma boa alternativa de rotação de cultura, pois diminui problemas de doenças nas lavouras, uma vez que, reduz a meia vida dos microrganismos que sobrevivem nos restos culturais, e causam doenças nos cereais de inverno. O trigo cultivado no ano seguinte à canola, tem um potencial de rendimento maior do que o trigo cultivado em área de trigo sobre trigo.

Também, é uma ótima opção de renda no inverno. Na safra de inverno de 2022, a cultura chegou a produzir até 54 sacas por hectare (3240 kg/há), gerando uma rentabilidade líquida média de R$ 5.000,00 por hectare cultivado.

Entretanto, para atingir estes resultados é extremamente importante seguir as recomendações técnicas para a cultura e realizar um bom manejo.

Saiba algumas dicas importantes:

1 – Escolha da área
a) Escolher uma área de boa fertilidade, sem compactação, sem acidez e sem alumínio;
b) Área sem presença de nabiça, nabo ou ervilhaca;
c) Rotação: dois invernos sem plantio de canola;
d) Não conter residual de herbicidas pé emergentes
e) Realizar controle de corós, grilos e formigas.

2 – Escolha do híbrido
O híbrido mais plantado e adaptado a nossa região é a Nuola 300. Ela possui um alto poder de compensação e engalhamento, é 20 % mais produtiva do que os outros híbridos de mercado e possui uma ótima resistência a debulha na colheita, o que traz maior segurança ao produtor que vai cultivar canola.

3 – Semeadura
a) Época preferencial de plantio: 11/04 a 30/06 – na região da Cotrisoja melhor época, é o mês de maio;
b) Espaçamento: 17 a 45 cm entrelinhas – pode ser semeada com semeadora com caixinha miúda no espaçamento de 17 ou 35 cm e com semeadora com discos alveolados próprios para a canola no espaçamento de 45 cm;
c) Volume de sementes: 2,5 a 3 kg/ha;
d) Profundidade: 2 cm;
e) A deposição da semente no sulco deve ser realizada de maneira uniforme, garantindo uma germinação vigorosa das sementes e um estabelecimento de plantas uniforme.

4 – Adubação
A canola é exigente em nutrientes como o nitrogênio e o enxofre. É importante utilizar uma fórmula de fertilizantes de sulco que tenha bastante nitrogênio e enxofre, o que vai garantir um desenvolvimento mais rápido na fase inicial da planta. O nutriente nitrogênio está diretamente ligado ao fator produtividade, uma vez que, está ligado a todo o desenvolvimento, engalhamento e produção de grãos. O nutriente enxofre é responsável pela formação da proteína, peso e óleo das sementes. Em solos com deficiência de enxofre é importante que seja realizada a correção deste nutriente ainda antes do plantio, podendo-se utilizar o fertilizante Sulfurgran a lanço. Outros nutrientes como fósforo, potássio, boro e zinco também são muito importantes para a cultura. As exigências nutricionais da cultura para uma boa produtividade são as seguintes:
a) Nitrogênio: 30 kg no fertilizante de sulco + 70 kg em cobertura no estádio de 3-4 folhas verdadeiras
b) Fósforo: 60 a 70 kg no fertilizante de sulco
c) Potássio: 60 à 65 kg no fertilizante de sulco ou via cobertura
d) Enxofre: 20 kg
e) Boro: 0,6 kg

5 – Práticas culturais
É importante que ocorra o controle das plantas daninhas, anterior a implantação da cultura, principalmente fazendo um bom controle das folhas largas. A semeadura deverá ocorrer com a área livre de invasoras. Ao atingir em torno de três folhas verdadeiras, deverá ser realizado o controle do azevém na área da canola, utilizando graminicidas recomendados agronomicamente e também realizar o controle de eventual praga que possa estar causando danos a cultura.

6 – Manejo de pragas
Nas fases iniciais os maiores danos são causados pelas formigas, grilos, corós, larva de idiamim e lagarta Spodoptera sp., cujos quais devem ser controlados quando atingir o nível de dano econômico. Na fase reprodutiva da canola, a praga mais importante é a traça das crucíferas (Plutella xylostella), principalmente nas primaveras com menor incidência de chuvas. Elas provocam danos nos botões florais e nas síliquas, onde ficam depositados os grãos. O controle deve ser realizado quando atingir duas lagartas por folha expandida, com inseticidas fisiológicos, cujos quais irão prevenir também reinfestações. Eventualmente torna-se necessário o controle de pulgão e percevejo.

7 – Manejo de doenças
As principais doenças que atingem a Canola são a canela preta (causa a morte das plantas), antracnose e mofo branco. Normalmente realiza-se uma aplicação de fungicidas preventiva quando 30% das plantas estão florescendo, utilizando fungicidas químicos e biológicos recomendados agronomicamente, de forma a evitar perdas de produtividades ocasionadas pelas doenças.

8 – Condições climáticas
As geadas podem ser prejudiciais até 30 a 45 dias após a semeadura (até 4-6 folhas), pois, a partir desta fase, a canola possui maior resistência às baixas temperaturas. Geadas tardias, na fase de floração, podem ser prejudiciais, porém, não causam maiores reduções de produtividade. Temperaturas superiores a 28°C podem causar abortamento de flores.

9- Colheita
A Nuola 300 possui uma boa resistência a debulha na colheita, o que torna possível a colheita direta e em pé da canola. Para isso, se a canola estiver com bastante desuniformidade de maturação recomenda-se que a mesma seja dessecada, melhorando a qualidade de grãos na colheita e diminuindo perdas por impurezas. O ponto ideal de dessecação é quando 70% das plantas estiverem com os grãos do terço médio trocados de cor de verde para preto. Recomenda-se que o nível máximo de umidade no grão no momento da colheita seja de 18% ou quando for atingido 80% da maturação dos grãos da planta.
Regulagem da Colhedora: trabalhando com velocidade baixa; fechar ar nas peneiras; reduzir a rotação do cilindro (400 a 600 rpm); abrir o concavo em nível maior que no trigo. Atenção para as vedações da colhedora nos elevadores ou outros pontos de fuga.

10 – Pós-colheita
Respeitar um intervalo de 10 a 20 dias entre a colheita da canola e a semeadura da soja, para reduzir o efeito alelopático. Se ocorrer pouca chuva no período, este intervalo deve ser maior. Aproveitar neste período para realizar o controle das plantas daninhas e deixar a área pronta para receber a cultura da soja. Utilizar em resteva de canola uma cultivar de soja que possua como característica um bom desenvolvimento vegetativo, boa de raiz, boa de engalhamento e rústica.

Para mais informações e para obter maiores produtividades, consulte o departamento técnico da Cotrisoja.

Geórgia Luiza Maldaner
engenheira agrônoma e Gerente da Unidade Regional de Esquina São José

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